quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Congresso de Direito em Ilhéus reuniu especialistas em perícia criminal

Especialistas em perícia criminal estiveram reunidos durante o II Congresso Nacional de Direito, realizado no centro de convenções Luiz Eduardo Magalhães, em Ilhéus, nos últimos dias 25 e 26 de outubro, promovido pelo O Centro Acadêmico de Direito da Faculdade de Ilhéus. Na tarde de encerramento, no sábado, falaram a delegada civil e professora Katiana Amorim, o perito criminal Saulo Correia Peixoto e o professor Ricardo Molina, doutor em Ciências pela Unicamp, que atua em casos de crimes de grande repercussão nacional e internacional.


A delegada Katiana Amorim falou sobre “O enfrentamento do crime organizado no Brasil”, apresentou aspectos da legislação que normatiza a investigação policial e detalhes do trabalho de planejamento e execução das operações da polícia. O policial Saulo Peixoto discorreu sobre o tema “Os desafios da perícia criminal e as novas tecnologias” e mostrou as técnicas mais inovadoras de esclarecimento das provas nas áreas de documentoscopia, maoscopia eletrônica de varredura, estande balístico, quimioluminescência, identificação veicular, papiloscopia (identificação de impressões digitais), luzes forenses, entre outras.

O palestrante Ricardo Molina definiu perícia e disse que para ser bem sucedida ela precisa da parte instrumental, de cérebro e de banco de dados no desenvolvimento do seu trabalho, sendo fundamentais a preservação do local, observação e simulação do evento. Falou sobre casos famosos, como da brasileira que se automutilou na Suíça e jogou a culpa em neonazistas; do caso Eloá, em São Paulo, onde não houve a preservação do local do crime e da ineficiência da polícia em arrombar a porta do local do apartamento, entre outras ações policiais impensadas naquele episódio; do caso de falha de peritos em um suicídio de um jovem no Rio de Janeiro, onde a perícia indicou homicídio; do caso de PC Farias, onde a perícia, possivelmente, deu parecer errado propositalmente, entre outros.

Molina criticou a quantidade de laudos policiais mal feitos, sem base científica e que, por vezes, colocam pessoas inocentes como suspeitas. Na sua opinião, é necessária a criação de uma polícia científica sem vínculo com as secretarias de segurança pública dos Estados, com um quadro de profissionais com curso superior e com treinamento, com o objetivo de fortalecer o trabalho científico e a investigação com autonomia.

Molina ainda abordou a fonética forense falando dos abusos da Polícia Federal (PF) em algumas de suas investigações, quando não transcreve os diálogos reais e fazem o papel de juiz interpretando esses diálogos. Para o professor, esses casos representam o autoritarismo da PF.  Ele destacou os métodos usados nas perícias em interceptações telefônicas, nos aspectos técnico e legal, que procuram apresentar o conteúdo, a integridade e os interlocutores, mas muitas vezes mostram falhas nesses três elementos. Ele afirmou que é muito difícil a perícia nessa área devido a péssima qualidade do sistema telefônico brasileiro e as diversas formas que criminosos usam para dificultar a sua identificação nesse tipo de investigação. 
Da assessoria


Nenhum comentário: