Em
sua primeira viagem ao município, ocorrida em fevereiro deste ano, a
esteticista carioca Ana Paula de Oliveira, de 32 anos, estava ansiosa para
percorrer as ruas, conhecer as praças e visitar os locais que integram o
cenário vivo do romance Gabriela, Cravo e Canela, do escritor Jorge Amado. “Vim
a Ilhéus para experimentar a mesma atmosfera mágica vivenciada pelos
personagens. Quero descobrir a cidade de Gabriela, o Vesúvio de Nacib, a noite
de Tonico Bastos e os palacetes dos velhos e poderosos coronéis”, disse.
Testemunhos
como esse reforçam a importância cultural que Ilhéus possui em todo o país e em
várias partes do mundo. Por isso mesmo, com quase 500 anos de história, a
cidade segue estimulando as diversas manifestações culturais, como forma de
respeitar sua vocação e preservar sua memória. Eternizada internacionalmente
através da obra de Jorge Amado, Ilhéus prioriza o setor com o claro objetivo de
continuar sendo um importante polo cultural.
No
bojo desse processo, o secretário municipal de Cultura, Paulo Atto, destaca a importância
da elaboração do Plano Plurianual (PPA), instrumento que norteará as políticas
públicas da cultura local para os próximos quatro anos (2014-2017). Ele informa
que o documento será amplamente discutido durante a Conferência Municipal de
Cultura, prevista para acontecer no próximo dia 16 de julho. “A proposta é que
o PPA seja um instrumento de mediação entre a gestão e o planejamento do setor,
na medida em que consiga articular as políticas públicas municipais e viabilizar
o diálogo franco com a sociedade e com os governos Estadual e Federal. Tudo
isso tornará possível a captação de recursos e a ampliação das realizações
governamentais”, comenta Atto.
Prioridade -
Marcado por um profundo respeito ao patrimônio cultural e histórico do
município, o prefeito Jabes Ribeiro dá mostras claras de que, a exemplo de seus
três primeiros mandatos, mais uma vez terá a cultura como uma das suas prioridades.
Em apenas seis meses de gestão, o chefe do Executivo ilheense já adotou algumas
medidas importantes para o fortalecimento do setor cultural. Uma das mais
relevantes foi a transformação da antiga Fundação Cultural na Secretaria Municipal
de Cultura. “Com isso, além de uma melhor representação cultural do município,
também já está sendo possível imprimir mais agilidade ao processo de formulação
das políticas públicas voltadas para o setor”, afirma o titular da pasta, Paulo
Atto.
Nos
primeiros seis meses de governo, o prefeito também decidiu reformar dois dos
espaços histórico-culturais mais importantes do município: o Teatro Municipal
de Ilhéus (TMI) e o antigo prédio General Osório, onde funcionavam a Biblioteca
Pública Municipal Adonias Filho e o Arquivo Público João Mangabeira. Através de
emendas parlamentares do deputado Mário Negromonte (PP), recursos da ordem de
750 mil reais já estão assegurados para recuperar o TMI. O projeto inclui a
execução de diversas intervenções, como a substituição das poltronas, requalificação
dos camarins e dos banheiros, recuperação das vigas estruturais e da cobertura
da casa das máquinas e a execução de melhorias nos sistemas de iluminação e de
ar condicionado. Além da aquisição de equipamentos técnicos da área cênica, a
reforma inclui ainda a execução de obras voltadas para ajustar o espaço aos
novos padrões de acessibilidade.
Com relação ao prédio
General Osório, que foi praticamente abandonado pela gestão passada, a proposta
do prefeito Jabes Ribeiro é buscar recursos, junto às esferas estadual e
federal, para realizar a reforma. Após visitas, vistorias e transferência dos
documentos que compõem o arquivo, o espaço foi beneficiado pela instalação de
tapumes, visando inibir a ação de vândalos. Segundo Paulo Atto, também existem
projetos de recuperação da Casa Jorge Amado e do Centro Cultural de Olivença.
Aniversário - No momento em que Ilhéus se prepara
para comemorar 479 anos de fundação e 132 anos de elevação à
categoria de cidade, o governo municipal firma uma aliança com a população e
com os segmentos organizados para preservar o imenso patrimônio cultural e
histórico do município. Nesse contexto, o Quarteirão Jorge Amado permanece sendo
um dos principais atrativos culturais do município. O espaço inclui o Bataclan,
casa noturna que representou o apogeu do cacau nos anos 20, e o Bar Vesúvio,
cujos proprietários inspiraram a criação dos personagens ‘Gabriela’ e ‘Nacib’,
do romance Gabriela, Cravo e Canela.
Ainda no bojo do roteiro amadiano, outra grande
atração ilheense é a Casa de Cultura que leva o nome do escritor e que foi
construída na década de 20 por seu pai, João Amado de Farias. O imóvel, que
abriga um interessante acervo de Jorge, possui uma linda pintura artística no
teto, azulejos portugueses e um piso trabalhado em madeiras nobres da região.
Outro destaque do Quarteirão é a Casa de Tonico Pessoa, filho do Coronel
Antônio Pessoa da Costa e Silva, que inspirou a criação do inesquecível personagem
Tonico Bastos.
Prédios
- Com quase cinco séculos de existência, Ilhéus possui um
riquíssimo conjunto de prédios públicos que contam um pouco de sua história.
Construído em 1905 sobre as ruínas do Colégio Jesuíta para receber a
Intendência Municipal, o Palácio Paranaguá, que hoje abriga a sede do Poder
Executivo, foi inaugurado em 1907. Já o Palacete Misael Tavares, cujo prédio
pertence atualmente à Loja Maçônica Regeneração Sul Baiana, foi inaugurado em
1922.
Nesse diapasão, também se encontram a antiga
residência do coronel Domingos Adami de Sá e o Ilhéus Hotel, construído em 1930
para hospedar viajantes e comerciantes que desembarcavam na cidade. Outro ícone
histórico-arquitetônico da cidade é o Teatro Municipal de Ilhéus, considerado
até hoje como um dos mais importantes e tradicionais do interior do Nordeste.
Inaugurado em 1932, o então cine-teatro recebeu companhias renomadas, sendo
palco de grandes e inesquecíveis espetáculos. Depois de um período de abandono,
foi recuperado em 1986, durante o primeiro mandato (1983-1988) do prefeito
Jabes Ribeiro.
Ícones
da fé – Outra atração bastante elogiada por turistas é o
conjunto de templos e igrejas existente no município. No distrito de Rio do
Engenho, o visitante tem a oportunidade de conhecer a capela de Senhora
Santana, erguida no século XVII e considerada a terceira capela rural mais
antiga do país. O espaço, que pertenceu à família de Mem de Sá, encontra-se
tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Além da capela de Senhora Santana, o
município ainda possui a Catedral de São Sebastião, construída em estilo
neoclássico, com vitrais artísticos que reproduzem cenas bíblicas, o Convento
de Nossa Senhora da Piedade, edificado em estilo neogótico, e a Igreja Matriz
de São Jorge dos Ilhéus, erguida na segunda década do século XVIII em estilo
barroco-colonial.
Calendário – Como
parte dos esforços para fomentar ainda mais as políticas culturais do
município, a Secretaria de Cultura (Secult) acaba de divulgar seu calendário de
atividades para os próximos seis meses. No período de 11 a 18 de agosto, reunindo uma série de esquetes de
rua e atividades de sarau literário, a Secult realizará o Projeto Literário
“Caravana Canto das Letras”, desenvolvido em parceira com o Ministério da
Cultura (MinC) e com a Biblioteca Nacional. Nos meses de julho, agosto e
setembro, a programação contemplará a oferta de três cursos ligados aos legados
sociais da SECOPA/UNEB: “Gestão Empreendedora para Artesãos”, “Gestão Pública”
e “Interpretação de Patrimônio”.
O Programa Rodas de Leitura será realizado em parceria com a Fundação Brasil
Campeão, de São Paulo, no mês de julho, com a capacitação acontecendo de agosto
a outubro, e o encerramento e avaliação a partir de dezembro. Outro destaque da
programação é o Festival Latino-Americano
de Teatro (Filte Ilhéus), evento que contará, no período de 3 a 8 de setembro,
com a apresentação de espetáculos variados, sendo dois estrangeiros, dois
nacionais e dois locais. O calendário também abre espaço para a Semana da
Diversidade, com ênfase para um seminário sobre as políticas e ações no âmbito
do segmento LGBT, o Festival de Teatro Infantil que acontecerá durante todo o
mês de outubro, com oficinas e espetáculos, e o Mês da Consciência Negra, em
novembro, com a promoção de diversos eventos, entre eles o I Seminário
Municipal da Juventude Negra.
História – A história de Ilhéus
tem início a partir da doação de uma vasta extensão de terra do rei português
dom João III ao donatário Jorge de Figueiredo Correia. Acostumado ao luxo da
corte, Correia preferiu enviar em seu lugar o espanhol Francisco Romero, homem
de trato difícil que ficaria responsável pela administração da capitania e pela
pacificação dos índios tupiniquins. A
carta da doação da Capitania de Ilhéus a Jorge de Figueiredo Correia foi
assinada em Évora, no dia 26 de junho de 1534.
Em 1754, o governo português acabou com o sistema de capitanias
hereditárias e
as terras brasileiras voltaram para as mãos do governo. Na segunda metade do
século XIX, teve início o plantio de cacau. Em 1746, Antonio Dias Ribeiro recebeu algumas
sementes do colonizador francês Luiz Frederico Warneau, do Pará, e introduziu o
cultivo na Bahia. O primeiro plantio nesse estado foi feito na fazenda
Cubículo, às margens do rio Pardo, no atual Município de Canavieiras. Em 1752,
foram feitos plantios no Município de Ilhéus.
Com a vinda de mudas de
cacaueiros da Amazônia e sua notável adaptação às condições climáticas da
região, Ilhéus viu brilhar, diante de si, um novo eldorado. Começa aí a
caminhada da chamada civilização do cacau, formada por homens e mulheres que
construíram uma região e contribuíram, por muitos e muitos anos, para a riqueza
da Bahia e do Brasil.
O cultivo do cacau passou a gerar um número sem fim de histórias, recheadas
de cobiça, amores e lutas pelo poder, realidade que acabou se transformando,
posteriormente, em um terreno fértil para os romances de escritores, como Adonias Filho e Jorge Amado, nos quais se narram as relações apaixonadas dos
coronéis com as terras, o dinheiro e as mulheres.
Em 28 de junho de 1881,
finalmente, Ilhéus foi elevada à categoria de cidade, numa ação referendada pelo Marquês de
Paranaguá. Em 1913, a
cidade foi transformada em bispado. O governo brasileiro passou a doar terras a quem
quisesse plantar cacau. Vieram sergipanos e pessoas fugidas da seca do nordeste, do próprio estado e de vários outros locais do
país.
Da - Secretaria de Comunicação Social (Secom)
Ilhéus - 27.06.2013
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