Matéria do jornal Correio desta terça-feira (22), assinada por Alexandre Lyrio e Rafael Rodrigues, mostra o caos instalado no necrotério do Instituto Médico-Legal (IML), onde um cheiro insuportável exalava e invadia o pátio externo do órgão, na Avenida Centenário. Ao meio-dia de ontem, havia corpos lá dentro com mais de 48 horas de espera para serem liberados. Os 56 homicídios ocorridos em Salvador e Região Metropolitana (RMS) após a greve da Polícia Militar, somados aos 48 registrados naquele período, superlotaram o Nina Rodrigues, o que causou demora nas liberações e levou ainda mais sofrimento para quem queria enterrar seus mortos.
A foto de Almiro Lopes, do Correio, mostra o estado de decomposição dos corpos liberados. (Reprodução/Correio)
“O corpo do meu filho está em estado de decomposição. Botaram ele no chão porque não tem geladeira suficiente. A gente perde um ente querido dessa forma e ainda tem que passar por isso”. O relato é do policial reformado Jorge Teixeira dos Santos, pai de Rafael Silva dos Santos, 29, morto na noite de Sexta-feira da Paixão, no Alto da Terezinha, Subúrbio Ferroviário.
Às 15h de ontem, dois dias e 16 horas depois do assassinato, o corpo de Rafael foi finalmente sepultado no cemitério de Plataforma. “Primeiro, não tinha rabecão para pegar no hospital. Depois, essa demora aqui. Que sofrimento!”, lamentava o pai.
Os assassinatos de Rafael e outras 55 pessoas nos três dias após o fim da greve mostram que os índices de violência seguem altos. A média de homicídios em Salvador e RMS, entre 1º de janeiro e 14 de abril, era de 5,67 mortes por dia. (Correio)