Ao
condicionar a concessão da revisão salarial dos servidores (5,84%) e o piso nacional da educação para os
professores (7,97),
feita por ele, o prefeito Jabes Ribeiro mais uma vez debocha com a sociedade de
Ilhéus. Além disso, o prefeito propõe colocar fora do mercado de trabalho
funcionários (efetivos não estáveis) que ingressaram na prefeitura entre 1983 e
1988, justamente no período que ele foi gestor e não havia a necessidade de se
submeter em concurso público.
Qualquer
operador do direito relapso que atua na área trabalhista tem conhecimento que
para se tentar “demitir servidor a bem do serviço público” é preciso obedecer
pontos importantes, antes de colocá-lo no “olho da rua”, como quer Jabes
Ribeiro. O prefeito e sua Procuradoria Jurídica sabem disso, contudo, estão
criando factoide político e deixar os servidores em situação polvorosa, num
desespero só.
Antes
de demitir qualquer servidor, tem que apurar o delito cometido, por meio de
criação de comissão de inquérito que tem a obrigação de ouvi-lo. Depois,
apura-se, para em seguida elaborar relatório, com prazos para aplicar a punção.
Seja advertência, suspensão ou até demissão, caso tenha sido “um fato grave”. E
no caso de demitir, tem que pagar o que lhe é devido. Tudo dentro de prazos que
a lei lhe faculta. Se for demissão em massa, como propõe Jabes Ribeiro, serão
1.002 precatórios trabalhistas de servidores fora do mercado de trabalho e mais
483 contratos
temporários nas áreas da educação, saúde e programas sociais. E aí, a cidade fica ingovernável.
Como já se encontra.
Caso
ocorra na verdade esta leva de demissões de 519 servidores admitidos entre 1983
e 1988, Jabes Ribeiro tem que incluir na lista o seu irmão, o professor John
Ribeiro (dizem que ele é a pessoa mais forte do governo) e outros apaniguados
que acompanham o prefeito por décadas: Otávio Augustus, atual procurador geral
da prefeitura, Henrique Almeida, Gilvan Gonzaga Tavares, Alan Dick Megi, César
Benevides (o César Cão) e Valério de Magalhães.
Nesta
lista de protegidos de Jabes Ribeiro tem ainda os seus amigos Maria Jacy
Pereira (que fraudou notas fiscais da empresa “Pneuservice”, em 1988, que mora
em Feira de Santana e recebe salário sem trabalhar), Carlos Morais, Luiz Carlos
do Nascimento (o Luizinho, da Gasolina) e outras figuras de pouca importância no
seu grupo político.
A
nota divulgada pela Secretaria de Comunicação da Prefeitura mostra que a sugestão foi
planejada para enganar os sindicalistas, e até envolveu o bispo diocesano de
Ilhéus, dom Mauro Montagnoli: “Jabes Ribeiro decidiu reduzir o seu próprio
salário em 30%, e de 20% nos vencimentos de todos os comissionados, na redução
em 20% da jornada de trabalho de todos os servidores, exceto aqueles com
salários de até R$ 1 mil. Ou seja, 1.758 funcionários estariam fora dos
ajustes, embora recebam a revisão salarial”.
E desdenhou: “Está sendo feito esforço para adequar as contas municipais
às exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e evitar a demissão de
1.002 funcionários, contingente constituído por 483 contratos temporários nas
áreas da educação, saúde e programas sociais, e mais 519 servidores admitidos
entre 1983 e 1988”.
É
importante lembrar que a paralisação que ultrapassou os 60 dias, mas durante
este tempo o prefeito sequer pisou os pés no seu gabinete, situado no Palácio
Paranaguá, sede oficial do governo municipal.
Isso
é um afronta: Jabes Ribeiro não trabalha, mas o salário é creditado
religiosamente na sua conta corrente e ainda quer penalizar o servidor que faz
greve considerada justa pela justiça do trabalho. São dois pesos e duas
medidas.
Mas
reuniões semanais com sua equipe de governo são sempre realizadas em restaurantes
e em hotéis, com contas pagas com o dinheiro público. Mas Jabes tem dito
sucessivamente que as finanças municipais estão combalidas, aos frangalhos.
Questões a considerar: o esforço extra que o
prefeito não faz é demitir 471 servidores contratados sem concurso para
satisfazer os acordos políticos da eleição, que representam cerca de R$ 1
milhão nas despesas; além do empenho extra de Jabes Ribeiro não faz é desistir
de contratar empresas para fazer a limpeza pública por cerca de R$ 2 milhões por
mês, manutenção do trânsito e da iluminação pública por mais de R$ 700 mil por
mês, quando estes serviços se for prestado pela prefeitura que tem cerca de 450
garis e 120 agentes de trânsito custará menos de R$ 400 mil com a aquisição de
material de consumo, equipamentos e veículos.
Mais uma vez os servidores vão pagar a conta da
falta de projeto de governo descente e revitalizador para Ilhéus, com o
sacrifício da redução salarial, ou será aceitável que o prefeito pense que isto
é equidade conceder um reajuste de 4,5% e uma redução de 20% nos salários?
Há
quem acredite que os segmentos organizados de Ilhéus, a exemplo da Câmara de
Dirigentes Lojistas (CDL), Associação Comercial, subsecção da OAB, e
representantes do Lions e Rotary Clube, as maçonarias e até o Grupo de Ação
Comunitária que sempre esteve presente em tudo, se encontram cabisbaixos,
talvez compactuando com o não desenvolvimento de Ilhéus que indo para o lixo.
Todos
assistem ao filme com olhos vendados.
Amar
a cidade é isso?
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